quarta-feira, 6 de junho de 2012

MIS-AP aprofunda debate sobre o papel contemporâneo dos museus

10ª  Semana Nacional de Museus trouxe provocações muito pertinentes sobre o papel dos museus e de suas ações em um mundo que muda muito e muda rápido. Como pensar estratégias museológicas eficazes no sentido de promover o patrimônio material, imaterial em uma sociedade tão fluida? Como diluir as fronteiras físicas e cognitivas entre a memória e o indivíduo, entre o objeto e a pessoa, entre o museu e o “lá fora”?Esses foram alguns questionamentos que o tema adotado pelo evento esse ano fez passar pelos debates desenvolvidos no Museu da Imagem e do Som do Amapá.

A programação começou já mostrando que aqueles seriam dias de reflexão profunda sobre o imenso e nem sempre claro universo museológico. A mesa de debate “Panorama dos espaços museológicos amapaenses” reuniu os gestores Simone Maria de Jesus (Museu Sacaca), Moisés Tito (Museu Histórico Joaquim Caetano), Alexandre Brito (Museu da Imagem e do Som) e o museólogo João Batista (Unifap). Esse momento raro, serviu para socializar parte considerável das ideias e práticas de gestão que vem sendo cotidianamente construídas nos museus do Amapá. Foi possível perceber que cada museu possui desafios próprios a vencer. Nesse sentido, enquanto o Museu da Imagem e do Som do Amapá tem como uma de suas metas básicas, obter um prédio próprio, o Museu Sacaca evidencia quão complexa é a gestão de um museu com equipe e dependências grandes, enquanto o Museu Joaquim Caetano pontua o quanto a falta de autonomia orçamentária pode agravar demandas inicialmente simples.

Museólogos e gestores de museus do estado construindo reflexões sobre o setor no Amapá

Alexandre Brito (MIS-AP), Simone de Jesus (Museu Sacaca), João Batista (UNIFAP) e Moisés Tito (Museu Joaquim Caetano): amadurecendo a ideia de um encontro amapaense de museus
Dentro de uma agenda que debata transformações sociais recentes, não podemos omitir o tema da internet, sua emergência e a pulverização de novas formas e manifestações identitárias. O espaço virtual é um espaço de trocas simbólicas, de mediação e interação entre os entes sociais. Sendo assim, como os museus podem ocupar/viver esse espaço de maneira a canalizar as ferramentas e o locus on-line como forma de interação museu/sociedade? Esse foi o foco dos debates do segundo dia da programação do MIS-AP, que teve como ponto alto a palestra de Augusto Pessoa detalhando como a interatividade pode ser potencializada em vários níveis pelas unidades museológicas. A exemplos de museus ao redor do mundo que se valem do aparelho em rede para mediar fruições e informações ao ápice de tornarem-se plenamente virtuais.

Augusto Pessoa, explicitando possibilidades de uso museológico das ferramentas digitais
A profusão de ideias, opiniões e debates terminou tão fervilhante quanto começou. Prova disso foi a mesa de intitulada “Cultura Popular, Cultura de Massa e Cibercultura: o cenário híbrido do século XXI” que reuniu um quadro bem diverso de debatedores, o que garantiu uma pluralidade de pontos de vista enriquecedora para o público. Estavam compondo essa mesa José Maria (Festas de São Benedito – Igarapé do Lago), Daniel Nec (Imagemaker) e Diego Meireles (Movimento Liberdade ao Rock). O ponto alto do debate foi a interação entre plateia e debatedores. Ficou claro que, tanto a cultura popular (Igarapé do Lago), quanto o underground punk, passam por ciclos de crescimento/crise/identidade reelaborada semelhantes, e que as tecnologias digitais se alimentam e são alimentadas com essa matéria prima tornando esse cenário mais escorregadio para quem tente sistematizá-lo.

Rico diálogo entre a cultura popular, cultura digital e cultura underground
Foram três dias que ajudaram a (re)pensar os passos que nós, enquanto equipe do Museu da Imagem e do Som do Amapá, necessitamos construir. Foi muito enriquecedor ouvir todos os palestrantes que vieram socializar conosco seus acúmulos, foi tão enriquecedor quanto, perceber que temos um público considerável que divide conosco o interesse por todas essas questões.

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